2013, o ano do concurso público no Brasil
Estimativa de oferta inédita de 130 mil vagas anima os
sonhos de 13 milhões de pessoas. Reportagem da Revista Congresso em Foco mostra
quais são os concursos mais aguardados do ano e suas respectivas
remunerações
Aos 25 anos, o advogado brasiliense Saulo Magalhães
renunciou a uma breve experiência na iniciativa privada para trilhar um caminho
cada vez mais sedutor para milhões de brasileiros: o que dá acesso a um mundo
de estabilidade no emprego, salários quase sempre vantajosos e outros
benefícios. O mundo do serviço público. “Antes mesmo de me formar, comecei a me
preparar para concursos, mas com menos intensidade”, diz Saulo. “Agora tenho um
foco – o TJDFT”, afirma, citando a sigla do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios, que seleciona 110 profissionais, a maioria para cargos
de ensino médio. As provas dessa seleção foram realizadas no final de março. Os
salários vão de R$ 4,6 mil a R$ 7,5 mil. Por causa da criação de novas varas,
estima-se que mais de 4 mil candidatos aprovados para o cadastro de reserva
também sejam chamados para o tribunal, a exemplo do que ocorreu no concurso
anterior, em 2007.
Em todo o país, o Judiciário deve abrir seleção para
contratar 9 mil servidores apenas neste ano. 2013 tem tudo para ser o ano dos
concursos públicos no Brasil. Após um começo de gestão, em 2011, com corte de
R$ 50 bilhões no orçamento da União e a suspensão de concursos e nomeações, o
que impactou diretamente as seleções estaduais e municipais, o governo Dilma
retomaram a política de contratações e correções salariais seguidas pelo
ex-presidente Lula. Nem mesmo as greves promovidas por mais de 30 categorias
federais ano passado arrefeceram o interesse pelo serviço público. Afinal,
embora não tenham obtido o que pleiteavam, os servidores acabaram conseguindo
reajustes escalonados.
Não há dados oficiais sobre o número de cargos
a serem ofertados este ano. Mas, segundo estimativas da Associação Nacional de
Apoio aos Concursos (Anpac), os concursos públicos podem oferecer até 130 mil
vagas em todos os âmbitos e poderes da administração pública até o final de
dezembro. Do total, 30 mil estão previstas na proposta de lei orçamentária
enviada pela presidenta Dilma Rousseff ao Congresso Nacional. São vagas a serem
preenchidas nos órgãos da União. Os dados são de reportagem exclusiva da
Revista Congresso em Foco.
Salários de R$ 20 mil
Um dos concursos mais aguardados este ano é o do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que deve preencher 2,3 mil vagas e lançar
o edital ainda no primeiro semestre. Ainda entre as seleções mais cobiçadas de
2013, estão as do Banco Central, da Advocacia- Geral da União e da Defensoria
Pública da União. Áreas como a da saúde e da segurança pública também vão
garantir demandas significativas de candidatos. O Ministério da Saúde prevê
concurso para 2,5 mil postos e as polícias Federal e Rodoviária Federal devem
selecionar outros 2,7 mil novos servidores para seus quadros. Alguns desses
concursos oferecem salários iniciais beirando os R$ 20 mil.
Em alguns casos, a remuneração inicial passa dos R$ 22
mil. É o caso das seleções para juiz e procuradores da República e do Trabalho.
Ainda não é possível estimar quantos cargos serão preenchidos nessas áreas. O
certo é que todos os anos há pelo menos 15 concursos, em todo o país, em busca
de novos magistrados.
Por razões práticas, o governo federal tem urgência nas
contratações. Há dois anos o Ministério do Planejamento revelou que cerca de
40% dos servidores federais estarão aptos a se aposentar até 2015. Ou seja, em
dois anos, 452 mil funcionários vão adquirir o direito de deixar o trabalho.
Uma debandada que, se não for compensada, ameaçará o funcionamento dessa
gigantesca máquina administrativa.
O Banco Central, por exemplo, pode perder 1,5 mil de seus
4,5 mil servidores da ativa caso não seja feita nenhuma seleção até o próximo
ano. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que tem
processo de seleção em curso, corre o risco de perder até 43% da sua força de
trabalho nos próximos dois anos. Nem mesmo o Ministério do Trabalho e Emprego
escapa: de seus 3,1 mil funcionários de carreira, 500 poderão se aposentar em
três anos.
Uma das causas dessa situação é o elevado número de
servidores efetivados pela Constituição de 1988. No maior trem da alegria da
história nacional, os constituintes botaram para dentro, como funcionários
efetivos e estáveis, milhões de pessoas que trabalhavam no Estado sem concurso.
Hoje, esses servidores, “em sua grande maioria, se enquadram nos requisitos
para aposentadoria”, explica Maria Thereza Sombra, diretora da Anpac.
Fonte: Congresso em Foco
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